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Brasil MOÍDO GRANDE

'Mudou o regime político no Brasil', diz Haddad sobre lidar com Congresso

Haddad disse que o Brasil já não vive o presidencialismo clássico. 

29/06/2025 06h01 Atualizada há 2 semanas
Por: Redação
Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o regime político no Brasil "mudou". Ele se referia à dificuldade em negociar com o Congresso Nacional, que declarou guerra ao governo ao derrubar o decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Haddad admitiu decepção com a derrubada do decreto após intensas negociações, mas negou que a decisão do Parlamento tenha antecipado a eleição de 2026.

O que aconteceu

Haddad disse que o Brasil já não vive o presidencialismo clássico. 

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"Mudou o regime político no Brasil. Quem não quiser enxergar... Estou completando nove anos de ministério [contando o período de ministro da Educação]. (...) Mudou o sistema político. Não é o mesmo do Fernando Henrique e do Lula [1 e 2]", respondeu Haddad ao ser questionado na Globo News sobre a dificuldade em negociar com o Parlamento os cortes de gastos da União.

Questionado sobre que regime seria o atual, Haddad citou ironia do ministro do STF, Flávio Dino. Ele disse que "tem quatro sistemas políticos no mundo: o presidencialismo, o parlamentarismo, o semipresencialíssimo e o brasileiro".

Congresso ganhou protagonismo com emendas parlamentares. Após o governo Jair Bolsonaro (PL), o Congresso passou a deter fatia cada vez maior do Orçamento, ganhando independência do Executivo.

Como exemplo, Haddad atribuiu ao Congresso a dificuldade em desvincular o salário mínimo dos repasses para Saúde e Educação. Ele disse que encontra dificuldade em negociar cortes orçamentários mais simples e que a proximidade das eleições inviabiliza a discussão dessa desvinculação, considerada uma das responsáveis pelo aumento da dívida pública.

Ele disse que pediu uma reunião para discutir o tema. "Sugeri uma reunião com [o presidente da Câmara, Hugo] Motta e [com o presidente do Senado Davi] Alcolumbre sobre gasto primário. A gente apresenta estudos, análises, Simone [Tebet, ministra do Planejamento] vem, eu venho, mas precisamos saber o que reverbera aqui dentro [no Congresso] porque estamos há um ano da eleição", disse. "Estou esperando essa reunião."

Se não consigo aprovar essa dúzia de iniciativas, como vamos tratar de temas tão delicados como saúde e educação e desvinculação de salário mínimo?Fernando Haddad

Eleição antecipada?

Haddad negou que o Congresso tenha antecipado a eleição de 2026 ao derrubar o decreto do IOF. "Não quero crer", disse ele ao citar o dólar em queda, resiliência da economia e a geração de emprego. "A quem interessa estragar esse cenário? Só por questões eleitorais?", questionou.

O ministro também disse que não sabe até hoje por que o Congresso rompeu com o acordo do IOF. Haddad, Alcolumbre, Motta e líderes partidários costuraram em conjunto os termos do decreto e de uma medida provisória para aumento da arrecadação. Embora tenham considerado o encontro histórico, o Congresso derrubou o decreto sem apresentar alternativas para o corte de gastos.

Mas depois do domingo [dia da reunião], não sei o que aconteceu. Não fui informando pelos participantes o porquê da mudança de comportamento.Fernando Haddad

Haddad também negou ter "saudades" do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Lira seria considerado pelo governo um negociador mais confiável do que Motta.

"Eu tenho mais proximidade com o Hugo. O Hugo frequentava o Ministério da Fazenda. Todo mundo sabe quantas vezes almoçou comigo. Não foram uma ou duas vezes.

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