A recente revelação do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) expõe uma realidade alarmante: mais de 16 milhões de brasileiros vivem em favelas e comunidades urbanas, representando 8,1% da população total do país. São 12.348 favelas espalhadas por 656 municípios, onde milhões de pessoas enfrentam diariamente a carência de serviços básicos, segurança, infraestrutura e dignidade. O salto em relação aos números de 2010 é evidente. Naquela época, 11,4 milhões de brasileiros viviam em 6.329 aglomerados subnormais, o que correspondia a 6% da população. Em uma década, o país testemunhou uma expansão significativa desses aglomerados, enquanto as soluções efetivas e sustentáveis para o problema pareciam estagnar.
O que torna esses números ainda mais graves é o fato de que os governantes, em suas campanhas, redes sociais e agendas públicas, visualizam diariamente essa realidade e, mesmo assim, pouco fazem para mudá-la de maneira concreta. Não é possível alegar desconhecimento; o problema das favelas está estampado nas cidades, com suas moradias precárias, falta de saneamento, violência e escassez de oportunidades. Apesar disso, o ciclo de promessas políticas continua sem que a solução real alcance quem precisa. O governo federal, os estaduais e os municipais acabam oferecendo respostas pontuais e insuficientes, ações paliativas que não atacam as raízes da questão.
Esses dados revelam um quadro claro de desigualdade e de um Estado que falha em cumprir seu papel social. O crescimento das favelas é uma consequência direta da ausência de políticas públicas inclusivas e de longo prazo, que poderiam gerar empregos dignos, habitação de qualidade e educação transformadora. A ausência de tais medidas só perpetua a exclusão social e a marginalização de milhões de brasileiros, condenados a viver sem os direitos básicos que a Constituição lhes assegura.
Olhando adiante, é imperativo que os governantes não se limitem a assistir passivamente ao aumento desse contingente. As soluções estão ao alcance e já foram experimentadas com êxito em outros países, como programas de habitação subsidiada, reurbanização de favelas, acesso ampliado a crédito para a construção e reforma de moradias, e iniciativas de geração de renda em comunidades. A falta de uma ação integrada e comprometida é, portanto, uma falha grave e uma injustiça histórica.
Em resumo, os números trazidos pelo Censo 2022 são um lembrete contundente da negligência governamental para com uma parcela expressiva da população. Os dados não são apenas números em um relatório: eles representam a realidade de milhões que clamam por uma vida digna, enquanto os responsáveis pelo bem-estar da nação continuam a ignorar essas vozes. Que esses números sirvam, enfim, como um chamado à responsabilidade para que os governantes transformem suas promessas em ações.