A neutralidade de Milanez Neto (MDB) no segundo turno das eleições de 2024 em João Pessoa é um movimento que diz muito mais do que aparenta. O vereador, que até recentemente era um aliado de Cícero Lucena e, antes disso, foi líder do governo Luciano Cartaxo, decidiu depois de votar em Ruy Carneiro "lavar as mãos" no segundo turno.
Milanez justificou sua posição com uma crítica a Cícero, afirmando que não poderia apoiá-lo “diante de tudo que enxergou” durante o processo eleitoral. Quanto a Queiroga, rejeitou a opção por uma postura contrária à esquerda.
A pergunta que surge, então, é inevitável: essa neutralidade é uma escolha estratégica, uma forma de preservar o espaço político em um cenário de polarização, ou é um reflexo da falta de convicção? Ao não se comprometer, o vereador evita antagonismos imediatos, mas também pode parecer indeciso ou sem um propósito claro para seu eleitorado. Ser neutro, nesse momento, pode ser conveniente, mas será que o eleitorado enxerga isso como prudência ou como hesitação?
Milanez Neto, que sempre soube navegar as águas da política, parece estar evitando afundar o barco, mas será que essa postura não indica um receio de confronto que um líder precisa enfrentar? Quando o eleitor busca respostas e direções claras, o silêncio também é uma resposta — e talvez essa diga muito sobre a fase atual do vereador. Em última análise, a neutralidade de Milanez fala mais sobre ele, seu partido, ou sobre o desejo de evitar as consequências de uma escolha difícil?
O que resta claro é que, no jogo político, ficar em cima do muro pode ser uma estratégia de sobrevivência. A questão é se essa escolha ajudará Milanez a se consolidar no futuro ou se o distanciará daqueles que esperam decisões firmes.