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OPINIÃO EDITORIAL

OPINIÃO | Minhas regras, suas dívidas: Governo torna sonho da casa própria mais distante para brasileiros

Com esse novo cenário, o sonho de adquirir um imóvel próprio se transformar em um pesadelo financeiro quase inatingível. 

17/10/2024 08h34 Atualizada há 4 meses
Por: Redação
Foto: Louise Tonet
Foto: Louise Tonet

A partir de novembro de 2024, a Caixa Econômica Federal implementará mudanças significativas nas condições de financiamento para imóveis de até R$ 1,5 milhão, tornando o sonho da casa própria ainda mais distante para milhões de brasileiros. A decisão de reduzir de 80% para 70% o limite financiável do valor do imóvel pelo Sistema de Amortização Constante (SAC) representa um verdadeiro golpe para quem já enfrenta dificuldades financeiras e deseja sair do aluguel.

Essa medida força o consumidor a desembolsar um valor maior na entrada. No contexto atual, onde o salário mínimo mal cobre as necessidades básicas, como pode uma pessoa comum, que recebe em média R$ 1.412, conseguir poupar entre R$ 40 mil e R$ 50 mil para dar de entrada em um imóvel? A matemática parece absurda e desconectada da realidade da maioria da população. As pessoas que já se esforçam para pagar o aluguel veem, com esse novo cenário, o sonho de adquirir um imóvel próprio se transformar em um pesadelo financeiro quase inatingível. 

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O governo Lula, que prometeu fazer da habitação uma prioridade, agora se depara com a realidade de que as mudanças em curso vão na contramão desse discurso. É notório que as críticas que cercavam ações semelhantes durante a gestão de Jair Bolsonaro parecem estar ausentes neste momento. Naquela época, medidas como essa eram ferozmente combatidas, mas agora, sob um novo governo, a mesma dureza não parece se aplicar. Por que o silêncio? Por que a falta de indignação popular e de grupos de interesse que tanto se opunham a ajustes econômicos que dificultavam o acesso à casa própria? 

A falta de opções para o financiamento habitacional no Brasil, associada a regras que favorecem aqueles com mais capital, empurra os mais pobres ainda mais para a periferia econômica e social. Ao reduzir a cota financiável e manter restrições que impedem pessoas com financiamentos ativos de adquirir novos imóveis, a Caixa limita drasticamente o alcance de suas políticas de habitação. O governo, por outro lado, continua a reforçar sua agenda de mudanças econômicas que, apesar de necessárias para estabilizar o mercado, acabam prejudicando os que mais precisam.

Fica a pergunta: como o trabalhador de baixa renda, que vive apertado pagando aluguel e lutando para fechar as contas no final do mês, conseguirá realizar o sonho da casa própria? A resposta, infelizmente, parece cada vez mais inalcançável.

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