Nos últimos anos, a presença de políticos tradicionais nas redes sociais se intensificou, tentando conquistar um eleitorado jovem que, a cada eleição, se torna mais relevante. Com um aumento de 78% no número de eleitores jovens desde 2020, e uma impressionante faixa etária de 16 e 17 anos contabilizando 1,836 milhão de eleitores, a atenção para esse grupo é mais do que urgente. No entanto, essa abordagem levanta questões alarmantes sobre a qualidade da politização dos jovens.
Esses políticos, muitas vezes sem intimidade com o mundo digital, estão se utilizando de memes, trends e conteúdos superficiais para se conectar com a juventude. Frases como "Olha pra trai, pra trai, pra trai, pra trai", "Cuidado com a lapada" e "Bora meu prefeito" se tornaram comuns nas campanhas. Essa estratégia, que poderia parecer inovadora, na verdade transforma o debate político em um espetáculo de entretenimento, deixando de lado questões fundamentais que devem ser discutidas.
O impacto dessa abordagem na juventude é preocupante. Os jovens, atraídos pela diversão e pelo humor, acabam se tornando "robôs" do conteúdo que consomem ou são usados para produzir. Essa politização rasa os afasta de um engajamento crítico, tornando-os analfabetos eleitorais. Ao invés de questionar e investigar as propostas e o histórico dos candidatos, muitos jovens se contentam em seguir tendências, participando de dancinhas e vídeos engraçados, sem perceber a gravidade das questões em jogo.
Para muitos, esse é o primeiro contato com a política. Infelizmente, esse contato se dá de maneira leve e, muitas vezes, trivial, desviando a atenção de temas sérios que merecem debate e reflexão. A falta de aprofundamento e de um entendimento crítico da política não apenas enfraquece a democracia, mas também reduz a capacidade dos jovens de influenciar mudanças significativas na sociedade.
É fundamental que essa geração reconheça a importância de um engajamento consciente e crítico. As redes sociais podem ser ferramentas poderosas para promover debates e questionamentos, mas é preciso utilizá-las de forma construtiva. Em vez de se deixar levar por conteúdos superficiais, os jovens devem se informar, discutir e reivindicar propostas que realmente atendam às suas necessidades e aos desafios do futuro.
Em suma, a politização da juventude não deve ser uma simples dança viral. É hora de transformar essa energia em ação e reflexão, garantindo que a nova geração não se torne apenas espectadora, mas protagonistas de um futuro que desejam construir.