A evolução dos meios de comunicação nas últimas décadas tem sido notável. Há pouco tempo, o preto e branco da TV e das fotografias era o retrato de uma época que parecia distante da realidade colorida e vibrante de hoje, onde imagens em ultradefinição são transmitidas em segundos para qualquer canto do planeta. Os telefones, que funcionavam à base de fichas ou cartões, também fazem parte de um passado que parece cada vez mais remoto. As ligações cronometradas pelos famosos três segundos ou as esperas em cabines telefônicas hoje são substituídas por videochamadas instantâneas e mensagens enviadas por aplicativos como o WhatsApp.
Entretanto, essa mudança não se deu apenas nas tecnologias, mas também em nossa relação com elas. Por muito tempo, vivemos sem redes sociais, algo que hoje, para muitos, parece impossível. Acreditamos estar conectados, mas será que estamos? A experiência recente da interrupção temporária de plataformas, como o X (antigo Twitter), nos provou que a substituição por outras opções ou até mesmo a ausência completa dessas redes é viável. Assim como aconteceu com o Orkut, o MSN e, mais recentemente, com o Facebook, que foi sendo abandonado aos poucos, percebemos que essas redes, que por vezes parecem essenciais, são na verdade temporárias e substituíveis.
Não se pode negar a importância das redes sociais para o comércio, a comunicação entre empresas e até mesmo para o entretenimento. Elas têm um papel fundamental na aproximação de quem está distante, facilitando o contato com familiares e amigos que, de outra forma, poderiam estar isolados. No entanto, essa mesma conexão digital tem afastado as pessoas que estão fisicamente próximas. Vemos, em restaurantes e salas de estar, famílias e amigos divididos entre o mundo físico e o virtual, onde a interação real é sacrificada pelo toque da tela.
Além disso, as redes sociais têm se tornado ferramentas poderosas, mas perigosas. Elas entretem, sim, mas também desinformam e deseducam. O conteúdo superficial e, muitas vezes, tóxico é consumido em velocidade alarmante. As redes têm se mostrado eficazes em destruir reputações, espalhar fake news e gerar polarização, muitas vezes deixando a verdade e o senso crítico de lado.
Isso não significa que as redes sociais são o grande mal do século. Pelo contrário, elas possuem incontáveis pontos positivos: facilitam o acesso à informação, promovem causas sociais e permitem que pessoas encontrem oportunidades de emprego e novas formas de empreender. Mas o número de aspectos negativos não pode ser ignorado. Há 20 anos, a interação humana era mais autêntica. As crianças brincavam nas ruas, a vida social era vivida fora das telas, e o brasileiro era conhecido por seu humor, sua capacidade de conviver e seu calor humano. Hoje, as redes sociais muitas vezes alimentam o oposto disso, promovendo a competitividade social, a solidão disfarçada de interação e a constante busca por validação externa.
A comunicação, que sempre foi uma ferramenta para unir e educar, tem se tornado uma faca de dois gumes. Cabe a nós, como sociedade, encontrar um equilíbrio no uso dessas tecnologias. Afinal, o que era para aproximar, muitas vezes tem afastado, e o que era para informar, por vezes desinforma. O caminho é incerto, mas a reflexão sobre o que queremos para o futuro da interação humana é essencial para que não nos tornemos escravos de nossas próprias criações.