Nas recentes eleições, um fenômeno preocupante tem se manifestado: o chamado "estelionato eleitoral". Essa prática nefasta ocorre quando candidatos a cargos municipais se aproveitam da polarização política nacional para promover suas campanhas, distorcendo suas reais competências e funções. Ao utilizar temas de grande relevância nacional, como as disputas entre Lula e Bolsonaro ou a polarização entre esquerda e direita, esses candidatos buscam atrair eleitores de forma desonesta e superficial.
É inegável que a polarização política tem dominado o cenário nacional. A dicotomia entre os grupos políticos, representados por figuras como Lula e Bolsonaro, criou um ambiente de extremo interesse e envolvimento. No entanto, muitos candidatos a vereadores têm explorado essa polarização para tentar se destacar, apresentando propostas que, na realidade, são de competência exclusiva do Congresso Nacional ou do Executivo Federal. Essa estratégia não só confunde os eleitores, mas também desvia o foco das verdadeiras questões municipais.
Candidatos a cargos legislativos locais frequentemente prometem resolver problemas que vão muito além do alcance de suas atribuições, como reformas nacionais ou mudanças na política econômica. Essas promessas são, no mínimo, questionáveis e, em muitos casos, uma forma clara de enganar o eleitorado. Ao se posicionarem como defensores de grandes causas nacionais, esses candidatos tentam ganhar votos à custa da ignorância política e da falta de informação dos eleitores.
Outro elemento corrosivo que contribui para o estelionato eleitoral é o fanatismo político. A polarização e o fervor em torno das figuras políticas nacionais alimentam um ambiente de extremos, onde o debate racional e a análise crítica são muitas vezes substituídos por lealdades cegas e opiniões radicalizadas. Esse fanatismo não só distorce a percepção dos eleitores, mas também cria uma base fértil para práticas eleitorais desonestas.
Candidatos que exploram essa atmosfera de fanatismo frequentemente se aproveitam da paixão desmedida dos eleitores para promover suas agendas locais com a promessa de alinhar-se com as posições de líderes nacionais. Eles sabem que, ao se associarem a esses ícones políticos, conseguem mobilizar um segmento significativo de eleitores sem a necessidade de apresentar propostas concretas e viáveis para o contexto municipal. Esse comportamento alimenta um ciclo vicioso de desinformação e polarização, enfraquecendo a capacidade dos eleitores de fazer escolhas ponderadas e informadas.
O fanatismo político também tende a aumentar a resistência à crítica e ao diálogo construtivo. Quando os eleitores estão cegos pela lealdade a um partido ou figura política, torna-se mais difícil para eles reconhecerem as promessas vazias ou as táticas enganosas empregadas pelos candidatos. Esse cenário facilita o trabalho daqueles que buscam manipular a opinião pública para ganhos pessoais ou partidários.
Para combater o estelionato eleitoral e mitigar o impacto do fanatismo político, é imperativo que haja um esforço conjunto de educação política. Isso inclui promover uma maior conscientização sobre as funções e competências dos cargos municipais e o impacto real das propostas feitas pelos candidatos. Organizações não governamentais, instituições educacionais e a própria mídia têm um papel vital em fornecer informações claras e acessíveis sobre o sistema político e as eleições.
Além disso, é essencial que os próprios candidatos ajam com transparência e responsabilidade. A honestidade nas campanhas eleitorais deve ser a norma e não a exceção. Os eleitores têm o direito de receber informações verdadeiras e relevantes para tomar decisões informadas.
O estelionato eleitoral nas campanhas para cargos municipais é um reflexo de um problema mais amplo de desinformação e manipulação política. A utilização da polarização nacional para fins eleitorais locais, somada ao fanatismo político, não só engana os eleitores, mas também prejudica a integridade do processo democrático. A educação política e a transparência são ferramentas fundamentais para garantir que as eleições sejam justas e que os representantes eleitos realmente atendam às necessidades de suas comunidades. Somente assim poderemos fortalecer a democracia e assegurar que os eleitores façam escolhas baseadas em informações precisas e pertinentes.