Nos últimos tempos, o preço dos combustíveis tem subido tanto quanto a temperatura das discussões políticas. Se antes a gasolina e o diesel eram o combustível das críticas na era Bolsonaro, hoje parecem ter se tornado o motor da complacência na era Lula. É uma verdadeira volta à roda do combustível, onde as queixas se transformam em um eco distante e o tanque do descontentamento parece ter secado.
Durante o governo anterior, o custo dos combustíveis era um dos principais vilões nos protestos e nas manchetes. A gasolina, a cada nova alta, alimentava uma onda de insatisfação que se espalhava pelo país como um incêndio. "Bolsonaro é o responsável por essa gasolina toda", era o clamor popular, e os caminhoneiros, sempre prontos para carregar o peso da indignação, fizeram ecoar suas sirenes em protestos que chegaram a parar o Brasil.
Mas a roda da fortuna girou e agora, sob a administração de Lula, o cenário se transformou. A alta dos combustíveis voltou à cena, mas, curiosamente, as vozes de descontentamento parecem ter diminuído. A mesma gasolina que antes acendia a chama da revolta parece agora ser tratada com uma dose de resignação.
Não é que o povo tenha se transformado em um mar de tranquilidade; é que as prioridades mudaram e o discurso também. Em tempos de crise econômica e desafios diversos, a gasolina, que antes era a principal acusada, agora é apenas mais uma gota no oceano das dificuldades. O governo Lula, com seu carisma e sua retórica esperançosa, conseguiu um feito impressionante: transformar a alta dos combustíveis de um tópico explosivo em uma preocupação que, embora presente, é tratada com uma paciência quase filosófica.
A questão é: por que a mudança de humor? Será que os ânimos esfriaram, ou estamos apenas lidando com um novo combustível para o debate político? É como se o país tivesse trocado a indignação por uma dose de pragmatismo, reconhecendo que a situação econômica não é uma estrada reta e que, de vez em quando, enfrentaremos curvas apertadas.
Entre uma rotação e outra, o preço dos combustíveis continua a subir e a descer, assim como a nossa disposição para reclamar. Talvez a lição aqui seja que, quando estamos no comando, o combustível do nosso descontentamento pode ser mais difícil de manter aceso. A verdade é que, independentemente de quem está ao volante, o combustível da crítica é volátil e, como o próprio mercado, está sujeito a variações inesperadas.
Assim, com a inflação nos bolsos e a gasolina nos tanques, cabe a nós navegar nesse mar de incertezas com um pouco mais de cuidado e menos combustão. Porque, no fim das contas, a verdade é que tanto na era Bolsonaro quanto na de Lula, o combustível das críticas pode até mudar de valor, mas o custo do descontentamento sempre terá uma volatilidade inconstante.