O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 30 dias para que o governo e empresas concluam as negociações para a revisão dos acordos de leniência da Lava Jato.
A proposta prevê quatro benefícios para as empreiteiras que somam multas de mais de R$ 11 bilhões:
Ficou definido que as empresas não poderão abater mais de 50% do saldo devedor — portanto a soma dos benefícios não pode superar.
A AGU, a Controladoria-Geral da União (CGU) e as empreiteiras ainda precisam definir prazo e valor de cada parcela.
As empreiteiras que discutem as multas com a União são:
Segundo o ministro, como a AGU informou que houve consenso com relação aos principais pontos que envolvem os acordos de leniência celebrados e discutidos no STF, o novo prazo deve ser utilizado para fechar a questão.
"Nesse cenário, considerando o teor dessas informações, concedo, a partir da publicação da presente decisão, mais 30 (trinta) dias de prazo para conclusão das discussões sobre o cronograma de pagamento da dívida remanescente e para formatação dos instrumentos de renegociações, os quais, nesse prazo, deverão ser encaminhados a esta Corte", escreveu.
Mendonça é relator de uma ação que discute os parâmetros adotados nos acordos de leniência celebrados na Operação Lava Jato. Em fevereiro, o ministro autorizou a renegociação dos acordos.
A decisão foi tomada após os partidos Psol, PCdoB e o Solidariedade acionaram o Supremo no ano passado. Os advogados dos partidos pedem a suspensão de "indenizações e multas em todos os acordos de leniência celebrados entre o Estado e empresas, antes da celebração do Acordo de Cooperação Técnica (ACT), de 6 de agosto de 2020".
Esse acordo, mediado pelo STF, foi assinado entre a Controladoria-Geral da União (CGU), a Advocacia-Geral da União (AGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério da Justiça. Ele estabelece que a AGU e a CGU são responsáveis pela condução e celebração dos acordos de leniência.
No pedido, os partidos criticam os acordos da Lava Jato, que foram firmados antes disso e que tiveram o Ministério Público Federal como o principal responsável. Os partidos pedem que os acordos sejam repactuados com a participação da CGU e do Ministério Público.
Nos acordos de leniência da Lava Jato, sete grandes empreiteiras do país acertaram devolver aos cofres públicos bilhões de reais. Os valores foram acertados depois que seus executivos confessaram a formação de cartel em contratos da Petrobras e o desvio de dinheiro público.