O Ministério Público da Paraíba investiga compras de imóveis, veículos e passagens aéreas utilizando recursos do Hospital Padre Zé desde agosto deste ano, envolvendo o uso de notas frias. A denúncia, recebida anonimamente pela promotoria de saúde, expõe um amplo esquema de corrupção envolvendo não apenas a unidade de saúde, mas também o Instituto São José e a Ação Social Arquidiocesana. O material analisado pelos investigadores inclui 33 documentos e notas que sustentam as acusações de corrupção.
Diante dessas evidências, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) deflagrou a operação “Indignus”, voltada para a investigação do padre Egídio de Carvalho Neto e duas ex-funcionárias do Hospital Padre Zé, Jannyne Dantas e Amanda Duarte, esta última ocupando o cargo de ex-tesoureira.
Segundo a apuração da investigação, os desvios vêm ocorrendo desde que o Padre Egídio assumiu a direção da unidade de saúde. As verbas desviadas eram destinadas a uma série de finalidades questionáveis, incluindo o custeio de passagens aéreas para amigos do religioso, reformas suntuosas e aquisições luxuosas para a igreja na qual Egídio atuava como pároco, localizada no bairro Jardim Cidade Universitária.
A operação também revelou a compra de um veículo de alto padrão com fundos destinados ao combate à Covid-19.
Principais acusações:
Pagamento de passagens aéreas para amigos utilizando recursos do hospital;
Compra excessiva e frequentemente sobrevalorizada de passagens aéreas, custeadas pelo hospital;
Aquisição de um sistema de som em São Paulo, em nome do hospital, avaliado em mais de R$ 300 mil;
Compra de luminárias de alto padrão com dinheiro do hospital para imóveis do padre;
Reforma completa da paróquia, incluindo luminárias, imagens religiosas, pisos e decoração, financiada pelo hospital;
Aquisição de uma camioneta S10 com verbas destinadas ao combate à Covid-19, em valor atualizado de R$ 234.360,00.
Além disso, uma nota fiscal em nome do padre Egídio detalha gastos com iluminação superiores a R$ 90 mil.
Patrimônio de Luxo em Diferentes Localidades:
A denúncia expõe a existência de 16 imóveis registrados em nome do padre Egídio e terceiros, suspeitos de serem laranjas, com transferências que totalizam R$ 200 mil, provenientes do Hospital Padre Zé. Entre esses bens, destaca-se uma propriedade na praia do Cabo Branco, adquirida com “600 mil reais entregues em mãos pela funcionária, com verbas da Ação Social Arquidiocesana e do hospital”.
Para dissipar os fundos das entidades, eram emitidas notas fiscais fictícias, alegando aquisição de alimentos e insumos que nunca foram entregues.
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