EDITORIAL | Escândalo sexual e corrupção: “No silêncio, uma catedral”

A Igreja Católica na Paraíba foi fortemente sacudida por uma sequência de escândalos nos últimos dias, o pastoreio do Dom Frei Manoel Delson Pedreira da Cruz tem passado por fortes provações. Nem mesmo os pombos que gorjeiam na Praça Dom Adauto e na Catedral ficaram pra ver o estrago. A tradicional passagem de autoridades religiosas já não é mais comum por lá.

Como cantaria Zélia Duncan: “No silêncio, uma catedral”.

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Não há uma comunicação aberta e direta – olho no olho. Apenas algumas instituições ligadas à Igreja emitem notas extremamente distante do que o povo realmente quer saber.

Denúncias de escândalo sexual, financeiros, renúncias, transferências, casos de corrupção envolvendo gestões de braços e de organizações sociais da igreja deixam os fiéis com uma só pergunta: “É possível que tudo isso aconteceu sem que a alta corte da igreja não soubesse?”.

Lucas 8:17: “Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz”.

O tempo dirá!

No presente, parece que as medidas são tomadas na pressão, no calor dos ânimos e que não basta parecer que vai estourar, tem que explodir. Como o recente caso envolvendo um sacerdote de Mangabeira, retirado às pressas da paróquia que administrava, por um verdadeiro escarcéu.

“De Caicó à Campina”, “de João Pessoa ao Recife ou Pará”: todo mundo sabe, que nem na época das missas tridentinas – quando as orações eram pronunciadas pelos padres em voz baixa e apenas em latim – o Sol não se tapa com a peneira.

A avidez por posses e luxos ficou escancarada diante da “Operação Indignus”, desencadeada pelo Gaeco e Polícia Civil. Fogão de quase R$ 80 mil, obras, piano, apartamentos à beira mar, granjas, garrafas de vinhos caríssimas, dezenas de cachorros de até R$ 15 mil (cada), celulares e outros eletrônicos desviados, somam-se aos cálculos de milhões.

Nada está descartado! Relações não republicanas, supersalários e verbas públicas estão no rol de possibilidades. 

Com a palavra o Papa Francisco:

“A reforma na Igreja foi realizada por homens e mulheres que não tiveram medo de entrar em crise e se deixaram reformar pelo Senhor. É o único caminho, do contrário seremos apenas 'ideólogos da reforma' que não colocam a própria carne em jogo.” Trecho da carta do papa ao cardeal Reinhard Marx.

Portanto, quem não tem compromisso com os novos tempos, com a transparência e com a preservação da integridade moral da igreja, já passou da hora de ter o nobre gesto de renunciar.

ARREMATES:

Pedra e Cruz

Segundo a tradição bíblica, a pedra simboliza à sabedoria, já a cruz representa à reconciliação com Deus. E na Paraíba?

Anjos e Vandalismo 

O ano de 1912 nunca foi tão atual, o centenário Augusto dos Anjos em o "Vandalismo" já ecoava à perda da crença e uma “mágoa” subsequente ao desencanto que a descrença traz.

Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas,
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na ogiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas,
Cintilações de lâmpadas suspensas,
E as ametistas e os florões e as pratas.

Como os velhos Templários medievais,
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a Imagem dos meus próprios sonhos!